Associação Brasileira de Batata In Natura

Mercado Global da Batata deverá alcançar US$145 Bilhões até 2030

Gráfico representando o mercado da batata.

O mercado da batata mundial está em rota de crescimento estável, mas transformador. Segundo o mais recente relatório da Mordor Intelligence, o valor global do setor, estimado em US$ 120 bilhões em 2025, deverá atingir aproximadamente US$ 145 bilhões em 2030.

Este aumento de US$ 25 bilhões ao longo de cinco anos implica uma Taxa de Crescimento Anual Composta (CAGR) de 3,9% durante o período projetado, caracterizando um crescimento “disciplinado e generalizado”, impulsionado pela manutenção da batata como alimento básico e sua extrema versatilidade.

Produtos Processados Impulsionam o Valor de Mercado da Batata

O relatório enfatiza que a demanda por processamento é o principal motor do aumento do valor do mercado da batata até 2030.

O crescimento é amplamente impulsionado por produtos de valor agregado como:

  • Batatas fritas congeladas (french fries);
  • Chips e snacks especiais.

Esta tendência é acelerada pela expansão contínua de redes de restaurantes fast-food e pelo crescimento dos formatos modernos de varejo, que exigem fornecimento consistente de produtos processados tanto em economias maduras quanto em mercados emergentes.

As empresas processadoras estão reagindo a esta demanda investindo em novas capacidades operacionais mais próximas das áreas de produção e utilizando a agricultura por contrato para garantir a qualidade da matéria-prima e gerenciar riscos de preço.

Dinâmica Regional: Ásia-Pacífico no topo e a Ascensão Africana

O mercado da batata demonstra um crescimento desigual, com destaque para duas regiões:

  1. Ásia-Pacífico (Liderança): A região é identificada como o maior mercado em volume, respondendo por pouco mais da metade do consumo global. China e Índia dominam tanto a produção quanto a demanda, e suas indústrias de processamento doméstico continuam a se expandir conforme as dietas se movem em direção a produtos mais convenientes.
  2. África (Crescimento Rápido): O continente está emergindo como o mercado de crescimento mais rápido em termos de valor. A Mordor Intelligence atribui isso a investimentos estratégicos em sistemas de sementes, armazenamento e processamento em pequena escala, apoiados por esforços governamentais que promovem a batata como uma cultura vital para a segurança alimentar.

Inovação e Resiliência Climática: Garantindo o Fornecimento Futuro

Para estabilizar o fornecimento diante das condições climáticas mais instáveis, o relatório aponta para fatores cruciais de inovação na base produtiva:

  • Cultivo Adaptado: O investimento em cultivo adaptado às mudanças climáticas.
  • Sementes: A produção de sementes em ambiente controlado.
  • Logística: O aprimoramento do armazenamento pós-colheita.

O estudo também destaca a diversificação de receita através de novas aplicações industriais para o amido e outros subprodutos da batata, incluindo o desenvolvimento de materiais de base biológica. Essas inovações não só sustentam o crescimento do mercado da batata, mas também diversificam o risco para produtores e processadores.

Em conjunto, estas tendências globais sustentam a expectativa de que o mercado da batata seguirá em uma trajetória de crescimento de valor, transformando-se e se adaptando às demandas de processamento e aos desafios climáticos.

O Paradoxo Nacional: Produtividade Recorde e a Necessidade de Diferenciação

Apesar do otimismo global, o mercado da batata no Brasil apresenta um cenário de contrastes que reforça a necessidade de alinhamento estratégico. Enquanto o relatório da Mordor Intelligence aponta a demanda por processamento e a diferenciação como chaves para o crescimento de US$ 145 bilhões, o setor brasileiro enfrentou em 2025 um paradoxo: produtividade recorde no campo, que serviu como um “escudo” contra a crise de preços (conforme análises do Cepea/Esalq-USP), mas que não foi suficiente para garantir a rentabilidade devido ao excesso de oferta e à manutenção do status de commodity sem diferenciação.

A lição é clara: a eficiência produtiva já alcançada pelo produtor nacional deve agora ser combinada com o foco global em inovação, diversificação (especialmente para o canal de processamento) e resiliência climática para que o Brasil possa capturar uma fatia maior do valor projetado pelo mercado da batata mundial.